Estúdio Cena
Fotos por @agfotosite Marcelo Soubhia
Ficha Técnica:
Direção:
Lucaz Roberto @lucazroberto
Stylist:
Andrea Mamel @deamamel e Vinny Araújo @vinny_araujo
Assistência:
Luana Barreto @pretaabarreto
Beleza:
Conceito e produção: Carolina Pinsdorf @carolpinsdorf.mua
Execução e direção: Milena Abdala @abdalamil
Manicure:
Kezia dos Santos @@kezia.studionails
Trançista:
Ariane Alves @arialves02 e Ian Ribeiro @iboonx
Trilha Sonora:
Machado @machaaado
Fotografia:
Diego Rodrigues @diegorodriguesph
Sapatos:
Melissa @melissaoficial
Patrocínio:
Apoio:
A Bela do dia - Flores @abeladodia Bako @bakocosmetics Color Make @colormakeoficial Melissa @melissaoficial Focus Têxtil @focustextil Texprima @texprimaonline Vicunha @vicunhabrasil
Agradecimentos:
Maria Luisa Roberto, Helena Naka, Angélica Yoshita
Release:
Drama, segundo ato.
Ou talvez um ato, segundo drama?
O que vivemos hoje é um turbilhão de mudanças de perspectiva. Cada vez mais céleres, cada vez mais ferozes. Já sentimos isso na pele, de uma ou outra forma. Realidades de ontem que não são mais as mesmas, opiniões pétreas que precisam ser revistas hoje e, novamente, amanhã. É do jogo. E é da moda.
Nesse curso, manda a natureza humana, pequenas escoriações são inevitáveis. A punção do luto nos acompanha diariamente, os microlutos que vêm no ritmo do scroll. O processo de abrir mão de algo que parecia seguro. Mudanças que precisam ser aceitas, curadas e cuidadas.
Mas e a moda? Se alguém gosta de renovar perspectivas, é ela. A Estúdio Cena, codinome sob o qual o estilista Lucaz Roberto se expressa, é um bom exemplo. Lucaz trabalha com um viés de criação aferrado a ideais quase apagados pela indústria massificante que a moda se tornou. Sua roupa única é feita para quem veste, sob medida, com tecidos interessantes, ancas, babados e silhuetas. Um flerte de alta-costura possível (e provável) para o Brasil de hoje.
Um luxo antigo, você pode pensar. Pelo contrário, e aí é que que está o twist. A Estúdio Cena prova que aquele ideal de luxo europeizado tem (e vai) dar vez a outros rostos, outros corpos, outras estéticas. Tanto que quem ajuda a fomentar a marca, a maior parte de suas clientes, são mulheres pretas e trans. Personagem impensáveis nos salões da moda, que agora acolhem quem as acolhe. É uma mudança simples, mas fundamental.
Este é o segundo show de Lucaz. Novamente, ele olha para a obra de Virginia Woolf — se o anterior era Orlando, agora viramos a página para Mrs. Dalloway.
No livro, a festa que permeia o enredo da protagonista acontece em uma noite de junho. Esta, como numa lembrança onírica de dias passados, toma corpo um mês depois. A tragédia reencenada não como farsa, como manda o adágio, mas como júbilo. No baile de 17 looks, algumas das princesas particulares que fazem parte do universo intenso do ateliê — eu poderia te contar quem são, mas para que estragar a entrega do momento?
Clarissa, a dona Dalloway em si, saiu para comprar flores. Lucaz, por sua vez, despetalou-as nas abstrações da sua coleção, nos corsets apertados e nos volumes e volumes dos babados e dos vestidos com metros e metros de tecido. Em comum entre ele e ela, um sentimento de luto no ar; de perdas que dão caminho a novas páginas. Um pós-luto, na verdade. Que mostra que a moda — assim como o estilista e suas clientes — já se acostumou a pisar firme e crescer sobre as ruínas alheias.
Abram-se.
Eduardo Viveiros
Estúdio Cena
NÃO DELETAR
Ficha Técnica:
Direção:
Lucaz Roberto @lucazroberto
Stylist:
Andrea Mamel @deamamel e Vinny Araújo @vinny_araujo
Assistência:
Luana Barreto @pretaabarreto
Beleza:
Conceito e produção: Carolina Pinsdorf @carolpinsdorf.mua
Execução e direção: Milena Abdala @abdalamil
Manicure:
Kezia dos Santos @@kezia.studionails
Trançista:
Ariane Alves @arialves02 e Ian Ribeiro @iboonx
Trilha Sonora:
Machado @machaaado
Fotografia:
Diego Rodrigues @diegorodriguesph
Sapatos:
Melissa @melissaoficial
Patrocínio:
Apoio:
A Bela do dia - Flores @abeladodia Bako @bakocosmetics Color Make @colormakeoficial Melissa @melissaoficial Focus Têxtil @focustextil Texprima @texprimaonline Vicunha @vicunhabrasil
Agradecimentos:
Maria Luisa Roberto, Helena Naka, Angélica Yoshita
Release:
Drama, segundo ato.
Ou talvez um ato, segundo drama?
O que vivemos hoje é um turbilhão de mudanças de perspectiva. Cada vez mais céleres, cada vez mais ferozes. Já sentimos isso na pele, de uma ou outra forma. Realidades de ontem que não são mais as mesmas, opiniões pétreas que precisam ser revistas hoje e, novamente, amanhã. É do jogo. E é da moda.
Nesse curso, manda a natureza humana, pequenas escoriações são inevitáveis. A punção do luto nos acompanha diariamente, os microlutos que vêm no ritmo do scroll. O processo de abrir mão de algo que parecia seguro. Mudanças que precisam ser aceitas, curadas e cuidadas.
Mas e a moda? Se alguém gosta de renovar perspectivas, é ela. A Estúdio Cena, codinome sob o qual o estilista Lucaz Roberto se expressa, é um bom exemplo. Lucaz trabalha com um viés de criação aferrado a ideais quase apagados pela indústria massificante que a moda se tornou. Sua roupa única é feita para quem veste, sob medida, com tecidos interessantes, ancas, babados e silhuetas. Um flerte de alta-costura possível (e provável) para o Brasil de hoje.
Um luxo antigo, você pode pensar. Pelo contrário, e aí é que que está o twist. A Estúdio Cena prova que aquele ideal de luxo europeizado tem (e vai) dar vez a outros rostos, outros corpos, outras estéticas. Tanto que quem ajuda a fomentar a marca, a maior parte de suas clientes, são mulheres pretas e trans. Personagem impensáveis nos salões da moda, que agora acolhem quem as acolhe. É uma mudança simples, mas fundamental.
Este é o segundo show de Lucaz. Novamente, ele olha para a obra de Virginia Woolf — se o anterior era Orlando, agora viramos a página para Mrs. Dalloway.
No livro, a festa que permeia o enredo da protagonista acontece em uma noite de junho. Esta, como numa lembrança onírica de dias passados, toma corpo um mês depois. A tragédia reencenada não como farsa, como manda o adágio, mas como júbilo. No baile de 17 looks, algumas das princesas particulares que fazem parte do universo intenso do ateliê — eu poderia te contar quem são, mas para que estragar a entrega do momento?
Clarissa, a dona Dalloway em si, saiu para comprar flores. Lucaz, por sua vez, despetalou-as nas abstrações da sua coleção, nos corsets apertados e nos volumes e volumes dos babados e dos vestidos com metros e metros de tecido. Em comum entre ele e ela, um sentimento de luto no ar; de perdas que dão caminho a novas páginas. Um pós-luto, na verdade. Que mostra que a moda — assim como o estilista e suas clientes — já se acostumou a pisar firme e crescer sobre as ruínas alheias.
Abram-se.
Eduardo Viveiros